Não sabem que entre todos os que correm no estádio, na verdade, somente um recebe o grande prêmio? Corra de tal maneira que o alcance.  

Paulo de Tarso

O triunfo romano era uma cerimônia civil e rito religioso da Roma Antiga, feito para homenagear publicamente o comandante militar de uma guerra ou campanha no estrangeiro notavelmente bem sucedida e para exibir as glórias da vitória romana. Aqueles que recebiam esta distinção eram denominados triunfadores (triumphatores). 

No dia de seu triunfo, o general usava uma coroa de louros e vestia-se com bordados de roxo e ouro em uma toga picta (toga “pintada”), regalia que o identificava como quase divino ou quase real. Ele montava em uma carruagem de quatro cavalos pelas ruas de Roma, desarmado, em procissão com seu exército, cativos e os despojos de sua guerra. No Templo de Júpiter, no monte Capitolino, ele oferecia um sacrifício e os símbolos de sua vitória aos deuses. Depois disso, ele tinha o direito de ser descrito como Vir Triumphalis (“homem de triunfo”) para o resto de sua vida. 

Mas enquanto seu triunfo era celebrado de maneira entusiasmada pelo povo, um homem ficava atrás do general em sua luxuosa carruagem, sussurrando a seguinte mensagem em sua orelha: “Respice post te. Hominem te esse memento. Memento mori.” 

Em tradução livre seria algo como: “Olhe ao seu redor. Não se esqueça de que você é apenas um homem. Lembre-se de que um dia você vai morrer.” 

Quando o mercado está muito animado com fatos recentes e os índices acionários nas máximas históricas, são poucos que prestam atenção aos sussurros da próxima crise. 

Em janeiro de 2021 o Índice Bovespa teve um comportamento bastante volátil, e encerrou o mês com  queda de 3,3% em relação ao fechamento de 2020. De forma muito positiva, na primeira semana de 2021, o mercado acionário brasileiro chegou a atingir o nível de 125.000 pontos impulsionado principalmente pelas notícias da vitória Democrata no Congresso americano, com propostas de novas injeções de capital na economia e pelo comunicado da OPEC+ da decisão pela manutenção do nível de produção de petróleo para os próximos meses (que é bom para o valor das comodities), além da continuação do otimismo criado pelas campanhas de vacinação. 

Porém, este movimento foi revertido no restante do mês dadas as incertezas de curto prazo em relação ao crescimento global, em especial na China com o Banco Central Chinês (PBoC) começando a fazer um ajuste gradual de liquidez no mercado de renda fixa local. Dúvidas em relação ao ritmo de vacinação e do surgimento de novas cepas do Coronavírus acabaram por influenciar negativamente os mercados financeiros. 

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central levou alguns bancos a rever suas projeções e apostar em alta da Selic (a taxa básica de juros) já na próxima reunião do colegiado. Segundo a ata, parte dos integrantes do Copom já considerava a necessidade de mexer na Selic por fatores como o aumento da inflação. Sem consenso, porém, a decisão foi esperar a divulgação de novos indicadores, mas o BC tirou do comunicado a expressão “forward guidance” (prescrição futura, no jargão em inglês), que funcionava como um limitador para a alta de juros futuros. Aguardamos patamares mais elevados de Selic para 2021 dada a conjuntura. 

A realização de lucros na bolsa de valores em janeiro não é um indicativo de uma nova tendência de queda, mas de muita volatilidade durante ano. 

Adaptando o ditado romano “Memento mori”, diremos: Compre ativos para proteção. 

Por Ricardo Veles, CIO

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