“Esse é um problema e tanto, e eu imploro que você não fale comigo durante 50 minutos, será suficiente para meus três cachimbos. “

Sherlock Holmes

Holmes é considerado por muita gente ao redor do mundo inteiro como o melhor e mais conhecido detetive. Algumas pessoas nem sabem que ele e Watson, seu caro parceiro, têm sua origem nas páginas de um livro. Esses famosos detetives do cinema fazem sucesso desde sua criação, em 1887, e geram muita curiosidade até os dias atuais.

O enigmático personagem, sempre lembrado usando um sobretudo e chapéu, portando uma lupa e um cachimbo, nasceu em 6 de janeiro de 1854.

Era altivo e obsessivo no que diz respeito à tarefa de decifrar um mistério. Mostrou-se, algumas vezes, orgulhoso e perfeccionista, acreditando sempre ter uma resposta certa para todas os questionamentos.

Sherlock Holmes era do tipo de homem que sabe um pouco de tudo, de lutar boxe a tocar violino. Mas sua atuação genial foi mesmo na área criminal. Sua mente funcionava como uma máquina, capaz de decifrar crimes através de proposições que desafiavam sua própria compreensão. O detetive sempre se valeu da lógica dedutiva e da metodologia científica para chegar às suas conclusões. Seu pensamento lógico baseava-se na ideia de partir das causas para compreender os efeitos.

Por ser tão obstinado acerca de seu trabalho, Sherlock Holmes dependia dele para sua sobrevivência e felicidade. Um estado depressivo se abatia sobre ele sempre que se via em momentos ociosos. As pistas e sinais que estão disponíveis acerca do rumo das economias ainda não são conclusivas a respeito dos investimentos em risco, no entanto, a política monetária que os bancos centrais vêm utilizando para o combate à inflação é um indicativo que os juros altos farão parte da nossa perspectiva por um longo período. O Brasil começou o ano beneficiado pela escalada de preços dos ativos de países emergentes, o que favoreceu o Índice Bovespa e o Real. Apesar do cenário não ser favorável para emergentes quando há elevação de juros de forma global, o Real vinha há muito tempo sendo a moeda mais
descontada entre seus pares e o Índice Bovespa havia sido o índice com o pior desempenho no lado ocidental.

Com a escalada do preço das commodities aliado a um Real “historicamente barato” as ações do setor se valorizaram e puxaram o Índice para cima em janeiro encerrando o mês com valorização de +6,98%.

No entanto, é difícil ver uma melhora sustentada diante de:

I- incerteza acerca do regime macroeconômico (a âncora fiscal em particular) a vigorar a partir de 2023;
II- o elevado ruído na esfera política com o início da corrida eleitoral. A âncora monetária é o único pilar em que a economia pode se apoiar, o que pode resultar na desaceleração ou possível contração do crescimento econômico durante o ano eleitoral

Essa combinação deixa o país vulnerável à mudanças de humor nos mercados globais. Portanto, avaliamos que o potencial retorno ajustado à volatilidade de posições construtivas nos ativos do país continua não nos parecendo uma boa alocação estratégica de capital neste momento. Pelo lado internacional, investidores assustados com a nova variante do Coronavírus, provável elevação de juros nos EUA e realizações de lucro, levaram o S&P500 ao pior mês desde março de 2020, perdendo -5,73% O FED, banco central norte-americano, deve fazer até 5 elevações de taxa podendo chegar a 1,5% no fim de 2022.

O Nasdaq, índice das empresas de tecnologia caiu -10% no mês, uma vez que as empresas ligadas ao setor têm menos perspectiva de pagar dividendos que possam competir com os juros do governo.

As perspectivas para o mercado acionário americano são boas, visto que uma realização de curto prazo é saudável para o mercado e os índices tendem a se recuperar, levado pelos investidores que aproveitam as quedas acionárias para aumentar ou iniciar alocação em papéis que até então estavam “esticados demais”. A volatilidade no mercado doméstico durante o período de eleição costuma ser alta, os resultados das pesquisas podem influenciar nas perspectivas dos investidores e uma mudança repentina irá influenciar os fundamentos das alocações.

Nossas convicções a respeito de bons papéis de renda fixa, com forte rating e lastro em empresas geradoras de caixa, não mudaram. Pelo lado político, seguimos avaliando as propostas de cada candidato e o impacto sobre o mercado de capitais, mas por enquanto, esse é um mistério que levará o tempo de três cachimbos.

Por Ricardo Veles, CIO

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