A estratégia e as proporções de seu portfólio precisam permanecer firmes e não serem guiadas pelo medo
27 out 2021
Por Ricardo Veles
Quando as taxas de juros oscilam perto de mínimos históricos por longos períodos, fica fácil esquecer que o que cai acabará voltando a subir. As taxas geralmente começam a subir conforme a economia se recupera ou o risco de inflação aumenta. Quando isso acontece, os investidores em renda fixa de médio e longo prazo são pegos de surpresa e podem perder uma oportunidade fácil de aumentar sua renda mensal. Por esse motivo, estamos no momento de nos prepararmos para a continuidade dessa mudança no ambiente das taxas de juros.
Os títulos de curto e médio prazo são menos sensíveis aos aumentos da Selic do que os títulos com vencimentos mais longos. Felizmente, no Brasil, temos diversos instrumentos para diversificação, ideais para aproveitar o cenário atual em títulos pós-fixados. Através destes ativos no portfólio, como LCA, LCI, CDB e Títulos Públicos atrelados à Selic, teremos bons resultados com a escalada da taxa de juros.
Os investimentos que protegem contra a inflação tendem a ter um desempenho pior quando as taxas de juros começam a subir, uma vez que este movimento serve exatamente para combater a inflação. Para estes ativos com prazo maior de 3 anos, recomendamos a troca por papéis pós-fixados mencionados acima.
Diante destes desafios, a estratégia e as proporções de seu portfólio precisam permanecer firmes e não serem guiadas pelo medo. Uma alteração brusca com saída total de ativos de risco pode comprometer o desempenho de sua carteira no ano, com o famoso movimento de comprar na alta e vender na baixa.
Sobre os ativos de risco, o cenário econômico no Brasil não apresenta apelo para aumento de exposição. No entanto, em relação à proporção atual de sua carteira exposta à renda variável, ter na composição papéis atrelados a serviços básicos (energia/gás/água) tende historicamente a performar melhor nestes períodos de aumento de juros, devido ao pagamento regular de dividendos e por seus serviços continuarem sendo consumidos independente do cenário (lembrando sempre que performance passada não é garantia de resultados futuros).
A respeito da alocação, sempre recomendamos também a exposição a dólares, uma vez que o momento pede um pouco mais de cautela devido à alta volatilidade da moeda nas últimas semanas. No entanto, a compra de ativos atrelados à moeda americana é bem-vinda, especialmente pela proteção do poder de compra e possibilidade de estar exposto aos EUA, já que o país tende a crescer em caso de aprovação do pacote de infraestrutura proposto pelo presidente Joe Biden.
Ainda falando sobre as possibilidades de investimentos nos EUA, os investidores por lá também enfrentam receio com o aumento de juros, que levou recentemente à desvalorização das empresas de tecnologia, que por distribuírem menos dividendos, foram trocadas por setores mais tradicionais, como bancos, serviços públicos e petróleo. Portanto, a alocação no índice S&P 500 para o percentual atrelado ao dólar é uma boa opção, uma vez que o índice engloba as 500 maiores empresas do país e é representado por diversos setores.
O cenário atual requer cuidados, ter recursos em caixa para aproveitar aos poucos as bruscas oscilações negativas e manter o percentual das classes de ativos no portfólio. O balanceamento e a análise mensal são interessantes e evitam erros de curto prazo.
A Portogallo Investimentos é uma gestora de recursos que preza pela sofisticação e melhoria contínua de resultados, sempre respeitando o perfil de risco de cada cliente e com objetivos de longo prazo.
*Ricardo Veles, CFP®, CGA é CIO da Portogallo Investimentos, possui 11 anos de experiência no mercado financeiro. É professor para as matérias de Renda Variável e Derivativos na FK Partners, possui extensão em Renda Fixa avançada pela B3 e MBA em Finanças pelo Insper.