Semana passada, fizemos um evento de inauguração da Portogallo Europa, nossa plataforma de serviços não financeiros, em Lisboa, Portugal.
O palestrante convidado, o navegador e escritor Amyr Klink, falou das qualidades dos navegantes portugueses que, há 522 anos fizeram a travessia do oceano e descobriram o nosso país.
Falou da rota de Cabral: será que o desvio da direção que ele, juntamente com sua esquadra, foi mesmo motivado pelas correntes de vento ou já existia uma intenção para essa mudança de rumo? Tudo indica que os portugueses já sabiam da existência do Brasil, antes de Cabral
chegar lá. Muito provavelmente, o Brasil não foi descoberto em 22 de abril de 1500, apenas tomaram posse. Vamos ver o porquê:
Vasco da Gama, após a sua ida às Índias, voltou para Portugal trazendo, além das especiarias, o fato de, assim como na Índia, novas terras poderiam ser alcançadas pelo mar.
Ou seja, o planeta terra poderia transformar-se em um imenso comércio (início da globalização!?). E Portugal era um dos poucos países europeus com saída para o Atlântico.
Cristóvão Colombo, ao descobrir a América em 1492, sugeriu em seus manuscritos, a existência de outras terras ao sul da República Dominicana. Alguns anos antes de Cabral chegar ao Brasil, em 1494, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas.
No Tratado, foi traçada uma linha imaginária que passava a oeste das ilhas de Cabo Verde e dividia o mundo em duas partes iguais. As terras descobertas do lado esquerdo (oeste) seriam da Espanha, enquanto as terras descobertas do lado direito (leste) seriam de Portugal. E o Brasil ficava coincidentemente no lado dos portugueses. Sendo assim, as terras já estavam no mapa e pertenciam à Portugal. Bastava então estudar as correntezas, as rotas e as condições climáticas, para que fosse possível encontrar as tais terras e tomar posse, garantindo o domínio de Portugal.
Naquela época os navegadores espanhóis e portugueses eram considerados os melhores do mundo e a briga entre eles pela posse das novas terras estava se acirrando.
A carta escrita por Pero Vaz de Caminha é uma verdadeira certidão de nascimento do Brasil. Nenhum outro país foi descrito com tantos detalhes no momento de seu descobrimento.
Caminha escreveu sobre cada detalhe do Brasil, muito provavelmente para dizer sim, nós estivemos aqui e o Brasil é nosso.
Hoje, aquele caminho que os portugueses e espanhóis tomaram em direção à globalização parece estar se invertendo. A pandemia do Covid-19, seguida pela invasão da Ucrânia pela Rússia, fizeram com que acordos de comércio internacionais fossem revisados e o protecionismo voltou com força.
Muitos países cortaram parcialmente as exportações de commodities agrícolas resultando numa escassez global e, consequentemente, aumento de preços das mesmas. Como consequência, mais inflação em todo o mundo.
Com a elevação dos preços de commodities, o Brasil e nossa moeda, o Real, foram bastante beneficiados. A bolsa brasileira, uma bolsa-commodities, ganhou +3,22% no mês e o dólar norte-americano se desvalorizou quase 4% em relação a nossa moeda.
O resto do mundo não ficou na mesma situação confortável. A elevação de juros norte-americanos pelo FED e o medo de uma recessão global, por mais que esperada, aliados à invasão da Ucrânia pela Rússia, continuam assustando os mercados. Mesmo ações com fortes fundamentos como Apple e Amazon, líderes de mercado, chegaram a registrar perdas mensais de -17% e -15%. Vamos manter a estratégia de usufruir do “almoço de graça” dos juros aqui no Brasil e, no exterior, começamos a fazer alocações em bonds brasileiros de curtíssimo prazo com retornos pelo menos 3% superiores ao Tesouro Americano de 2 anos.
Afinal, assim como os portugueses, cujo grande tesouro era o conhecimento de como chegar e explorar outros mundos, o nosso grande tesouro é, e sempre será, o cliente.
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