“Ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento.”

Abraham Lincoln

Ao longo da história relativamente curta dos EUA grandes líderes vem surgindo. Vários deles, como Washington, Obama e os Roosevelts, tornaram-se presidentes; outros, como Luther King e Billy Graham, causaram forte impacto sobre a humanidade, sem terem chegado à Casa Branca. No entanto, entre os que foram eleitos, há um que está acima de todos os outros. Um que, apesar de ter morrido há mais de 125 anos, ainda inspira e influencia pessoas por todo mundo. Estou falando de Abraham Lincoln. 

Quando foi eleito, existiam ameaças de que ele não tomaria posse, que provavelmente seria assassinado e teria a cidade tomada pelos Confederados, colocando a capital da nação sob alerta máximo. O país estava dividido; o ódio era a emoção dominante, e não havia um líder eficiente em nenhum dos postos do governo.

Algumas atitudes, levaram Lincoln a ter maior credibilidade entre seus liderados: estar próximo do povo durante a guerra civil, acompanhar as notícias diretamente da sala de guerra, inspecionar os armamentos e conversar com os soldados. Inclusive, vale ressaltar que uma de suas maiores habilidades era a comunicação. Ele sabia que todo líder precisa compreender que o poder de motivar seus seguidores reside quase que completamente em sua habilidade de comunicar-se bem. 


Dessa forma, construiu fortes alianças e sabia exatamente com quem contar e designava a pessoa certa para cada situação. Como resultado, o seu governo preservou a unidade do país, aboliu a escravidão e fortaleceu o governo nacional. Ter um líder como Lincoln num cenário de crise como o nosso no Brasil atualmente seria providencial. No entanto, políticos deste calibre surgem de tempos em tempos e não podemos contar com isso diante de nosso cenário atual. O inverso é verdadeiro quando falamos sobre “colocar lenha na fogueira”: aproveitar qualquer capital político de não estar na situação e se beneficiar com o caos. Atualmente opinar sobre os dois possíveis candidatos a presidente do Brasil é como ter que escolher entre duas “gangues”. A terceira via mais moderada parece pouco viável, mas em um ano muitos fatores podem mudar. Ninguém diria que em 2017 poderíamos ter uma alternativa além das já conhecidas. 

Parafraseando Lincoln, independentemente da via definida em outubro de 2022, uma coisa é certa: “Uma casa dividida contra si mesma não se sustenta”. Entre protestos contra e a favor do governo, não podemos deixar de encarar os fatos: a crise energética e o rompimento do teto de gastos são eventos com probabilidade de ocorrerem. Pelo lado positivo temos atualmente 76% da população com mais de 18 anos vacinada contra o Covid-19 com a primeira dose, que deve trazer aos poucos a perspectiva do antigo normal. O gargalo que atualmente temos no setor de serviços deve se corrigir na medida em que as restrições quanto à pandemia forem diminuindo. 

Globalmente os novos casos, internações e óbitos vem sendo reduzidos e a dose de reforço já está sendo aplicada; fato que deve contribuir ainda mais com a continuidade do combate à pandemia. Algumas preocupações, no entanto, demandam uma postura mais seletiva acerca de países e classes de ativos onde esse tema oferece melhores oportunidades de retorno até o fim do ano. A primeira é o ciclo de retomada que está amadurecendo e o pico da aceleração do crescimento no mundo provavelmente se concentrou no segundo trimestre, uma preocupação principalmente para ativos de renda variável. 

Outro motivo é o avanço do cronograma de redução (o famoso tapering) na adição de estímulos monetários pelo banco central Americano, que deve ter início até o fim do ano.

Fica claro que a potencial aceleração do cronograma de Tapering pelo FED e possíveis novas variantes são os principais riscos globais a monitorar no curto prazo.

No Brasil, a volatilidade expressiva nos mercados financeiros desde meados de julho recomenda a manutenção de uma postura cautelosa. 

O ruído político crescente, as repetidas tentativas de fragilização do arcabouço fiscal vigente e pressões inflacionárias mais persistentes do que esperado pelo Banco Central têm predominado sobre fatos positivos como o avanço da vacinação, a aceleração do crescimento este ano, os resultados fiscais correntes e a trajetória de endividamento público mais favorável do que antecipado. Nossa principal preocupação é a aparente perda de protagonismo do Ministério da Fazenda, em particular se isto se associar a uma guinada populista na política econômica objetivando alavancar a popularidade do Presidente da República rumo à eleição de 2022. 

Assim, apesar de prêmios de risco relevantes, o potencial retorno ajustado à volatilidade nos ativos do país não nos parece ser uma boa alocação estratégica de capital neste momento. Uma das frases que mais ouvimos nas eleições passadas foi “…a verdade vos libertará”, concordamos com isso, inclusive, que liberte o país de todos os extremos.

Por Ricardo Veles, CIO

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