“O que importa não é o homem que critica ou o que aponta como o valente tropeçou, ou como um executor de façanhas poderia ter atingido maior êxito. Importante, em verdade, é o homem que está na arena, com a face coberta de poeira, suor e sangue; que luta com bravura, erra e, seguidamente, tenta atingir o alvo. É aquele que conhece os grandes entusiasmos, as grandes devoções e se consome para um grande objetivo. É aquele que, no sucesso, melhor conhece o triunfo final dos grandes feitos e que, se fracassa, pelo menos falha ousadamente, de modo que o seu lugar jamais será entre as almas tímidas, que não conhecem nem a vitória, nem a derrota. ”
Theodore Roosevelt
Aos investidores mais conservadores, “mal” habituados com as altas taxas de juros que sempre prevaleceram no território brasileiro precisaram entrar no campo de batalha do mercado financeiro diversificando em classes de ativos diferentes do habitual e sentiram o gosto das oscilações positivas e negativas durante os últimos anos.
A diversificação e sofisticação do portfólio foi inevitável, motivada pelo retorno real negativo da renda fixa. E já que estamos falando sobre campo de batalha e investimentos, conto a história de um jovem corretor de ações que às vésperas da Segunda Guerra Mundial teve o seguinte raciocínio: “Se essa guerra vier (Segunda Guerra Mundial) e realmente acontecer o mesmo que em 1914 (Primeira Guerra Mundial), a economia irá se recuperar e todas essas ações que não valem nada vão disparar.”
O jovem conseguiu um empréstimo de US$ 10mil com seu chefe na corretora em que trabalhava e sem nenhum remorso comprou 104 ações, sendo um terço das ações compradas de empresas praticamente quebradas.
No entanto, passado um ano, as empresas se reergueram, ele devolveu os US$ 10mil ao seu chefe e três anos mais tarde, vendeu as ações por um total de US$ 40mil dólares, quatro vezes mais do que tinham custado.
O audaz jovem era John Templeton, como mostra foto acima. Templeton entrou no ramo de gestão de fundos em 1954, com o Templeton Growth Fund. Se um investidor desde o início do fundo, reinvestisse os dividendos no próprio fundo, cada US$ 10.000 iniciais valeriam US$ 2 milhões em 1992, quando ele vendeu a família de Fundos Templeton para o Franklin Group.
Em 1999, a revista Money o chamou de “possivelmente o maior selecionador mundial de ações do século”.
No auge da crise do COVID19, uma verdadeira “guerra sanitária”, aproveitamos para comprar ativos muito descontados. Como esperado, após os estímulos promovidos pelos bancos centrais e a vacinação em massa, a economia global volta a crescer fortemente.
O desafio atual é encontrar ações que, pelo jargão de mercado “não estejam com os preços esticados”, ou seja, o valor de negociação da empresa em bolsa não seja superior ao seu valor intrínseco e sair de posições que já alcançaram o objetivo de valorização.
Pelo lado do Brasil, a abertura da CPI do Covid trouxe cautela local para os investidores, que estão mais receosos com desdobramentos da investigação e impacto na base do governo.
No entanto, apesar do cenário atual, a cotação do índice Bovespa chegou perto de máximas históricas com o fluxo de compra estrangeiro, terminando o mês com +1,94%. Nossa moeda também se apreciou perante o Dólar em +3,46%.
A análise dos dados publicados recentemente sobre a inflação indica que o IPCA deve ultrapassar a previsão do Banco Central para 2021 que é de 5,04%. Tudo indica que ao término de 2021 este índice atinja 6% ou mais.
Nos EUA, mais de um terço da população já foi vacinada com as duas doses e as atenções se voltam para a recuperação da economia, sendo muito provável que o PIB cresça mais que 6% nesse ano. O FED não se mostra preocupado com o aumento de inflação recente e não sinaliza maiores níveis de juros no curto prazo, mesmo levando em conta o que vem sendo costurado pela administração de Joe Biden: um novo pacote de estímulo de quase US$ 4 trilhões.
A temporada de resultados das empresas americanas (primeiro trimestre de 2021) também trouxe muita volatilidade aos principais índices, porém não afetou a continuidade de valorização no mês, com Nasdaq ganhando+5,40% e o S&P500 +5,29%.
Nossas posições macro estão mantidas em empresas de tecnologia nos EUA e consumo na Europa. Na China aumentamos a posição em tecnologia e no Brasil em empresas com receita em dólar e em bancos que ainda estão descontados em relação a outros setores da economia.
O desafio agora é diferente se compararmos ao mesmo mês do ano passado ou ao anúncio de uma guerra como com Templeton, no entanto, a busca por boas oportunidades sempre permanece.
Por Ricardo Veles, CIO
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