“Não me conte sua “opinião”, apenas me diga quais ativos estão em sua carteira.”
Nassim Nicholas Taleb
Antaeus, na mitologia grega, era um gigante filho de Poseidon, o deus do mar, e Gaia, a Mãe Terra. No entanto tinha uma ocupação estranha, todos que passavam pela Grécia eram obrigados a lutar com ele.
Antaeus era considerado invencível, porém ele possuía um segredo. Toda sua força tinha origem na sua mãe, Terra. Quando separados, suspenso no ar, ele perdia todo seu poder.
Da mesma forma que Antaeus, não podemos separar o conhecimento do contato com a realidade ou pés no chão. Na verdade não podemos separar nada do nosso contato com a realidade. E o contato com o mundo real é feito quando se arrisca a própria pele – se expor a realidade, e pagar o preço das consequências, sejam boas ou ruins.
Os gregos têm uma expressão para isso: Pathemata Mathemata que significa, aprender via dor ou sofrimento.
O mês de março de 2021 colocou a prova as lideranças do Brasil e mundiais, o equilíbrio entre manutenção da saúde e a roda da economia girando não é um desafio apenas local.
Concluímos que a simples emissão de moeda não elimina a pandemia, vacinas disponíveis terão efeito caso a população as aceite. Além disso, são necessários recursos disponíveis para aquisição e tempo de produção.
Em março, um cargueiro encalhado no Canal de Suez congestionou a região onde transita cerca de 12% de todo comércio mundial.
A valorização recente do petróleo, para cerca de USD 60.00 deu o tom das bolsas mundiais. Para os países produtores esse novo patamar foi fundamental e mostra a dependência da economia pelo “ouro negro”.
Jerome Powel e Janet Yellen deixaram claro que estão confortáveis com o cenário de consumo e inflação atual. O FED (banco central americano) projeta o índice para o final de 2021 a 2% a.a, o que não afeta a perspectiva de crescimento do país e geração de empregos.
O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou o pacote do emprego americano, um plano de infraestrutura no país para garantir o retorno do crescimento. A injeção de recursos trará um gigantesco ganho de escala para a logística do país, com aumento de competitividade para exportações.
Pelo lado do Brasil, o mercado se mostrou favorável às mudanças ministeriais realizadas pelo presidente Jair Bolsonaro. O “centrão” foi agraciado e as possíveis reformas propostas (administrativa e tributária) poderão ser votadas favoravelmente. O “centrão” se mostra como sempre foi: mau o suficiente para não deixar o Brasil se tornar “Suíça” e bom o suficiente para não nos tornarmos a “Argentina”. Enquanto isso, as emendas parlamentares vão tomando o orçamento.
O banco central mostrou muita credibilidade após a primeira reunião do COPOM o aumento de 0.75% da taxa Selic, necessário com a aceleração do IPCA. Muito provável que tenhamos a repetição do movimento até o patamar de Selic em 6% a.a.
A nossa expectativa para o próximo trimeste é que tenhamos vacinas para a maioria da população, já que todos nós temos arriscado a própria pele nesta pandemia.
Por Ricardo Veles, CIO
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