“Ninguém baterá tão forte quanto a vida. Porém, não se trata de quão
forte você pode bater, trata-se de quão forte pode ser atingido e continuar seguindo em frente. É assim que a vitória é conquistada.”

Rocky Balboa

O boxe, também chamado pelos fãs de “A Nobre Arte” se resume a cinco golpes: Jab –aplicado com a mão da frente da guarda, possui menos potência, porém é a forma mais rápida de atingir o adversário. Direto – O direto é aplicado com a mão de trás da guarda, por ser um golpe que precisa de mais impulso e rotação de corpo, é mais potente. Cruzado – Similar ao direto, mas aplicado em um ângulo diferente para atingir a lateral do oponente. Gancho – Tem o movimento semicircular visando atingir a lateral da cabeça ou o torso do adversário. Uppercut – É aplicado de baixo para cima, geralmente aplicado com a mão de trás da guarda, que visa atingir o queixo do oponente com mais potência.

Durante toda a luta, três juízes do lado de fora do ringue decidem a pontuação dos rounds através da combinação de quatro critérios:

Agressividade Efetiva – O lutador mais agressivo tem maior vantagem em relação ao adversário. O vencedor do round será o lutador que de fato acertar mais golpes (e não apenas desferir) e evitar golpes do oponente. Dominância no Ringue – O vencedor do round será o lutador que controla a ação e impõe sua vontade e estilo. Defesa – Os juízes levam em consideração e efetividade com que os lutadores se esquivam, aparam e defendem golpes. Golpes fortes e limpos – Golpes fortes e acertados de forma limpa valem mais do que golpes fracos ou conectados parcialmente. Esse critério deve ser analisado em conjunto com a quantidade de golpes acertados.

No Boxe como no mercado financeiro, é preciso estar muito bem preparado; muitas vezes sendo necessário ultrapassar limites anteriores e impor maiores esforços para se atingir a performance desejada.

As variáveis durante o combate são inúmeras e é de enorme importância ter a intuição do momento certo para atacar e de se defender. O charme da Nobre Arte está exatamente nesta decisão do lutador; nunca se tem a plena certeza do que irá acontecer. Durante o combate, um oponente pode estar perdendo por vários pontos, mas com um único direto bem aplicado pode-se levar o até então vencedor a nocaute.

No Brasil de hoje os oponentes dos investidores são pesos pesados: um forte adversário é a Inflação (IPCA), que pelas projeções do Banco Central pode chegar em 10,18% ainda este ano. Muito devido ao maior nível de gastos por parte do governo e a escassez de oferta após a reabertura da economia.

Para combater a Inflação, a SELIC entrou no ringue e, na última reunião do Comitê de Política Monetária, foi elevada em +1,5%. A ata da reunião indica que poderemos ter um movimento semelhante já no início de 2022, encerrando o ciclo de alta em 10,75%. O Índice Bovespa vem sofrendo duros golpes desde julho deste ano e encerra o mês de novembro com desvalorização de – 1.33%. No ano sua performance acumulada é de -14.22%.

O principal balizador para os mercados internacionais no mês foi o Banco Central dos Estados Unidos (FED), que, ao deixar de classificar a inflação no país como transitória, mostra que o índice pode seguir uma escalada exponencial no caso de inércia pelos banqueiros centrais; dados estes fatos, concluímos que teremos aumento de juros em breve e o “tappering” que se trata da redução da compra de títulos pelo FED deve ocorrer em velocidade maior do que foi anunciado recentemente por Jerome Powel.

O impacto que o aumento de juros traz nos EUA nos mercados globais tem consequências muito fortes, principalmente sobre os países emergentes, e dá origem ao fenômeno chamado de “flight to quality” que leva o investidor a sair dos mercados de risco de forma global e garantir ganhos sem risco nos títulos do governo americano. Este movimento ocorreu todas as vezes em que o FED iniciou o viés de alta de juros.

Sobre a variante Ômicron, estamos analisando os resultados e dados sobre contaminação, tratamento, letalidade, internações e possíveis óbitos, levando em consideração as consequências sobre os vacinados e não vacinados. Quando tivemos os primeiros casos da COVID19, a análise preliminar foi de que não teríamos forte impacto em países desenvolvidos ou sobre países com clima tropical, o que, ao longo de 2020/2021, mostrou-se o inverso.

Portanto, nos manteremos cautelosos e não vemos fundamentos para aumento de alocação em ativos de risco, seguimos utilizando o colete salva-vidas para a proteção dos portfólios.

O setor de tecnologia representado pelo Índice Nasdaq ganhou mais um round sobre os setores tradicionais da economia encerrando o mês com a valorização de 2% enquanto o Índice S&P500 teve a performance de -0,80%.

Em relação as alocações dos portfólios, não enxergamos potencial para uma guinada do Índice Bovespa, no entanto, alguns setores que sofreram muito durante o ano e devem se beneficiar com o aumento de juros estão em nosso radar, apesar de estarem na lona, como é o caso dos bancos e commodities.

O Índice Bovespa poderá ter fôlego por algumas semanas de alta, no entanto a tendência de queda deve permanecer pelos fatores expostos a seguir: o rompimento do teto de gastos, a rolagem de dívida dos precatórios e as medidas que foram propostas para aumento dos benefícios sociais. A falta de previsibilidade das ações e propostas do governo, afasta os investidores e trás maior volatilidade.

A única âncora que restou ao sistema para impedir uma catástrofe é a monetária. O Banco Central vem utilizando todas as ferramentas possíveis para amenizar os impactos da Inflação, por este motivo, continuamos compondo as carteiras com títulos atrelados ao CDI.

Em 2022 iremos enfrentar novos oponentes, as eleições para a presidência. As propostas dos candidatos irão influenciar as expectativas dos investidores. É possível que surja uma nova variante da COVID19 ou que a inflação no Brasil não retorne para o centro da meta e também não podemos descartar que alguma construtora de outro continente proponha um calote em sua dívida e traga receio ao mercado.

Já passamos por estes desafios antes, que venham os próximos combates.

Por Ricardo Veles, CIO

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